sábado, 13 de março de 2010

Lembranças que não são minhas...

Seus olhos estão opacos,
não sinto sua respiração,
apesar de familiar não reconheço sua face,
sua pele não tem mais brilho...
...brilho nem calor...

Os hematomas não me deixam reconhecê-la,
os cortes de navalha no busto deixaram marcas profundas,
as orelhas sumiram,
os joelhos viraram ao contrário...
...contrário a tudo aquilo que posso me lembrar...

Andávamos de bicicleta no parque quando eu era pequeno. Ríamos, conversávamos, brincávamos e nos abraçávamos. Era uma época muito feliz... Um tempo bom que não volta mais...

O cheiro de carne podre empregna o ar,
os ossos da espinha rangem com os movimentos de vai e vem de nossos corpos,
os gases saem do corpo no mesmo ritmo das estocadas fortes que faço,
o prazer que eu sinto é indescritível...
indescritível e surreal...

Seus lábios frios beijam os meus,
minhas mãos passeiam por mamilos eternamente rijos,
meu ventre toca o dela sem vida,
o pescoço não se arrepia com meus carinhos...
carinhos não fazem mais sentido...

Os policiais nos encontraram na cama. Disseram que o corpo estava lá a mais de uma semana. Encontraram minhas digitais nas facas, nos estiletes e garfos pelo quarto. Meu sangue e esperma estavam por todos os lugares no corpo dela... eu só queria saber o porque...

...me perguntaram porque tinha feito aquilo...
...me perguntaram porque não chamei a polícia...
...me perguntaram que tipo de monstro eu era...
...me perguntaram porque fiz isso a minha mãe...
...a unica coisa que sei, é que não lembro de nada...
...

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